Emiliano Perneta – o pai do simbolismo brasileiro

Por Thiago Pacheco

Emiliano Perneta empresta o nome a uma conhecida via que atravessa parte do centro da cidade em direção ao bairro do Batel – e circular por ali talvez seja tão corriqueiro que o homem e seus feitos acabam, um tanto injustamente, esquecidos.

Nascido em 3 de janeiro de 1866, filho do comerciante Francisco e de Cristina Maria dos Santos, Emiliano Perneta deve o sobrenome pelo qual ficou conhecido a uma característica física do pai, coxo, e teve quatro irmãos. Em 1885 se muda para São Paulo, para cursar a Faculdade de Direito da Universidade daquela cidade. Viria a atuar como promotor público e advogado, mas antes mesmo de se graduar, em 1888 funda a “Folha Literária”, primeiro de vários periódicos dedicados às letras a que se dedicaria.   

Republicano e ardentemente abolicionista, Perneta se formou na data em que a República foi proclamada – coisa que veio a saber apenas depois de proferir um inflamado discurso. No ano seguinte, se muda para o Rio de Janeiro e, em 1891, passa a atuar na “Folha Popular”, onde publica manifestos simbolistas pioneiros no país. Ficou conhecido, em virtude disso, como introdutor do movimento literário no Brasil – entusiasta de Baudelaire, tido como originador do simbolismo, Perneta divulgava sua obra desde a tenra juventude.

Em 1902, Emiliano perneta regressa a Curitiba, onde funda nova revista literária, batizada “Victrix”, em parceria com dois de seus irmãos e outros colaboradores. Três exemplares do periódico restaram, e podem ser consultados nos acervos da Biblioteca Nacional. 

Em 1911, publica “Ilusão”, coletânea de poesia que se junta a volumes anteriores de prosa (“Alegoria” e “O Inimigo”, por exemplo) e em cujo lançamento o autor é aclamado como “príncipe dos poetas paranaenses”. Em 1914 publica talvez sua obra mais importante, “Pena de Talião”.

Perneta faleceu em 19 de janeiro de 1921, aos 55 anos, e ainda teve uma obra publicada postumamente, a coletânea de poemas “Setembro”, que veio a público em 1934. 

Corre Mais que uma Vela

Corre mais que uma vela, mais depressa,

Ainda mais depressa do que o vento,

Corre como se fosse a treva espessa

Do tenebroso véu do esquecimento.

Eu não sei de corrida igual a essa:

São anos e parece que é um momento;

Corre, não cessa de correr, não cessa,

Corre mais do que a luz e o pensamento…

É uma corrida doida essa corrida,

Mais furiosa do que a própria vida,

Mais veloz que as notícias infernais…

Corre mais fatalmente do que a sorte,

Corre para a desgraça e para a morte…

Mas que queria que corresse mais!”

Emiliano Perneta | Banco da Poesia

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.