
Thiago Pacheco
Nascido em São Paulo, Wilson Martins veio criança para Curitiba, onde se radicou com a família em 1930 – e permaneceu na “quinta comarca” até o fim de sua estupenda trajetória. Ainda muito jovem, aos 16 anos, se torna revisor da Gazeta do Povo. Logo depois, ingressa no curso de Direito da Universidade Federal do Paraná, se formando em 1943. A lida jurídica, no entanto, é interrompida quando Martins se muda para Paris, em 1947, após ser agraciado com uma bolsa do governo francês para estudar literatura. Lá permanece até o ano seguinte. Ao regressar, ele é aprovado no concurso da magistratura, e atua como juiz durante dez anos, até 1962 – mas, aí então, ele já era crítico literário publicado nos maiores jornais do país. E também professor. E também historiador. Jornalista. E locutor de rádio! Martins, no início de sua trajetória profissional, chegou a transmitir ao vivo do Cassino do Ahú, cobrindo a apresentação de artistas como Francisco Alves, Orlando Silva e Dalva de Oliveira, no tempo em que a Rádio Clube Paranaense era a única emissora da cidade. Como jornalista, trabalhou na Gazeta e no Diário dos Campos, de Ponta Grossa, até se estabelecer como crítico literário do Estado de São Paulo, Jornal de Brasil e outros grandes diários e publicações.
Sua maior obra, entre tantas, é “História da Inteligência Brasileira”: sete volumes e mais de quatro mil páginas, um empreendimento de vulto inigualável e que dividiu a intelectualidade sobre seu valor e resultado. Na verdade, uma história da literatura brasileira permeada pela crítica feita com verve inimitável, História é pedra e vidraça, e se a postura e convicções de Martins eram tidas por muitos como “inadequadas” para o meio literário, é certo dizer que sua morte – que, no Brasil até mais que em outros lugares, tem um certo dom “absolutório” – não encerrou certas polêmicas e controvérsias. Motivos a mais para ler Wilson Martins.